Este é um texto escrito por uma viajante a convite do Passaporte Feliz.
Dubrovnik é a cidade no extremo sul da Croácia, um país cuja independência nem atingiu os 30 anos da idade ainda. Com pouco mais de 40 mil habitantes e mais de 1 milhão de turistas por ano – 4 milhões de pernoites – é uma das cidades mais turísticas da região, senão da Europa.
Simplesmente dito: é uma metrópole do turismo! Mas não foi para isso que ela foi construída… Originalmente do século VII (ou mais cedo), a cidade usou a sua posição privilegiada no Mediterrâneo para tornar-se a um dos lugares, estrategicamente, mais importantes do mundo.
Declarando a sua independência em 1358 e formando a sua própria república, Dubrovnik afastou-se da história croata e conta uma diferente:
No período de quase cinco séculos da República Ragusina, Dubrovnik, rica pelo comércio marítimo, em muitos aspectos estava à frente ao seu tempo. Em 1377 instituiu a primeira quarentena do mundo – época em que as pestes desolavam grandes populações, em 1416 aboliu a escravidão, em 1432 abriu um dos primeiros orfanatos da Europa. Em 1435 já tinha uma escola, desde 1436 a cidade era abastecida de água potável, pouco depois tomou a decisão sobre a nova lei contra o luxo.
Resumindo: Dubrovnik era uma cidade organizada para uma vida agradável dos moradores, mas com um equilíbrio. Com a chegada do turismo de massa parece que chegou a quase perder este equilíbrio.
Na imprensa mundial começaram a circular as fotos da cidade entupida de pessoas, aglomerações de turistas, lojas de souvenirs em vez dos artesanatos, seguido por uma emigração do povo local, que morava dentro das muralhas.
Em apenas 5 anos, a população da cidade antiga diminuiu por ¼ e, neste momento conta 1557 pessoas (568 famílias), com o número real ainda mais baixo. O povo local saiu à procura de uma vida mais tranquila, vendendo ou alugando as propriedades valiosas, deixando a cidade para os estrangeiros.
Por isso, é inacreditável que alguns meses depois dos recordes nos números turísticos – 2019 foi o melhor ano na história do turismo croata -, Dubrovnik entrou numa pausa forçada.
Os aspectos negativos da situação mundial são indiscutíveis, especialmente na Croácia que é o um dos países europeus mais dependentes de turismo. Mas, sinceramente, Dubrovnik precisava de um reset. Precisava de parar, respirar, reiniciar.
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Aproveite esta reflexão e leia mais sobre o impacto da COVID-19 no turismo mundial. O meio ambiente está se curando. Isso continuará acontecendo quando você voltar a viajar?
Agora podemos ouvir risadas de crianças brincando pelas vielas, jogando futebol em frente à Catedral. Os adultos passeando, pescando, cultivando – fazendo tudo o que antes não tinham tempo.
Claro, é triste ver as ruas desertas, mas vai passar. Dubrovnik mostrou-se várias vezes um lutador e sobreviveu coisas piores. Quando tudo isto passar, Dubrovnik vai receber os seus turistas de braços abertos. E vocês vão adorar essa Dubrovnik melhor – como deve ser!
Leia mais sobre o meu trabalho de guia turística na Croácia, aqui. E também veja meus textos e muito mais no meu site e blog sobre a Croácia. Dubrovnik em Português, passa lá!
Nataša Brailo
Obrigada pela leitura, e até a próxima!